20 Poucos Anos: "Eu conheço a minha "eu" de 15 anos mas ela nunca irá me conhecer"
Uma reflexão sobre quem eu fui, quem eu sou e quem eu ainda irei me tornar.
Você já parou para pensar sobre isso? O fato de que a sua versão mais nova nunca irá conhecer a sua versão mais velha, enquanto que sua versão mais velha saberá de tudo sobre sua versão mais nova. Você acredita em viagem no tempo? Acha que, se por algum acaso, sua “eu” de 15 anos conhecesse a sua “eu” de agora, ela estaria orgulhosa? Ela gostaria de você? Te conheceria e diria “nossa, eu queria ser igual a ela”?
Pensar nisso foi o que me fez cair nessa longa e profunda reflexão, e eu vou te levar comigo.
Dizem que os nossos “anos de ouro” são a adolescência. Que sua melhor versão de si mesma está ali, entre seus 14 e 17 anos. Dizem que nunca será tão bonita, tão interessante, tão jovem, tão sexy e tão divertida quanto aos “15 anos”.
Você vai ouvir as pessoas invejarem você, vai conseguir sentir a inveja só pelo olhar delas. Você vai conseguir perceber pela forma que falam, que elas gostariam de ter a sua idade de novo. Elas vão contar histórias, relatos de tudo que elas perderam, do quanto não aproveitaram quando estavam nessa fase da vida. Provavelmente, elas vão dizer que deveriam ter dormido com mais pessoas; que deveriam ter ido a muito mais festas e baladas; que deveriam ter feito mais loucuras; que podiam ter enchido mais a cara e experimentado aquele cigarro que lhe foi oferecido; que não deveriam ter se apaixonado por aquela certa pessoa; que não deveriam ter confiado tanto naquela tal amiga; que não devia ter deixado os estudos para lá quando “ainda tinha tempo”...
As pessoas vão te dizer muitas coisas, e vão usar você para projetar todos os seus arrependimentos e frustrações, fazendo com que você se pegue no profundo pensamento de “será que eu não estou aproveitando o suficiente?”. E sabe de uma coisa? Eu discordo.
Existe algo sobre a vida que o ser humano precisa compreender de uma vez por todas: cada passo dado, e cada passo não dado, te levou exatamente aonde você deveria estar.
Cada pessoa por quem eu me apaixonei, cada amizade que perdi, cada lágrima que desceu na minha bochecha por algo que meu pai fez comigo, assim como cada sorriso que eu dei quando minha família me fez muito feliz, me levou exatamente onde eu estou hoje, e não teria como eu ter mais orgulho disso.
Se a minha “eu” de 15 anos me conhecesse hoje, ela pensaria em como ela amadureceu, e ficaria curiosa em entender quais ruas sem saídas e poços bem fundos me levaram a isso, pois eu precisei do desconforto para crescer.
Ela se perguntaria o que aconteceu com aquele rapaz cujo ela era apaixonada, e eu contaria que ela era ingênua demais para perceber que aquilo não ia acabar bem para nós duas.
“O que aconteceu com todos aqueles amigos que nós amávamos?” ela diria, e eu responderia que, às vezes, às pessoas simplesmente não podem estar na sua vida quando você deixar de ser quem é, e, mudar para alguém com um pouco mais de maturidade.
“E a nossa irmã? Onde ela está?” Com certeza, ela perguntaria. E seria doloroso dizer que nós não moramos mais juntas, e agora você acompanha a vida e a família dela de longe, porque não é mais uma personagem principal para ela, agora, você é só uma coadjuvante.
A parte mais difícil de crescer é entender que tem pessoas que nunca serão dignas do seu crescimento, e tem outras que precisam que você cresça, porque não podem cuidar de você para sempre, não importa o quanto você queira que elas estejam ali, não tem mais espaço. Não para elas, mas, não tem mais espaço para quem você precisa ser quando está com elas. Não tem mais espaço para essa “você”.
Ela precisa ir, para que você possa recomeçar.
É por isso que eu sei que a “eu” de 15 anos olharia para mim agora e diria: “eu quero ser exatamente como ela, alguém que aprendeu a nunca se abandonar, para caber no mundo de outra pessoa.”
Ainda bem que ela nunca vai me conhecer, porque, se isso acontecesse, eu nunca poderia ser exatamente quem eu sou.
Que lindo 🩷🩷🩷🩷
Vim ler seu texto porque só o título já me chamou atenção, e quando li, fiquei muito tocada!! Esse exercício de olhar pra gente mais nova, também nos faz olhar com muito carinho pra tudo. Você olharia pra sua eu de 15 anos e diria coisas depreciativas pra ela? Então por que fazer isso com você agora? Lindo texto, Lary! ❤️